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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

HOJE ACORDEI A CHOVER


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Hoje acordei a chover,
Chuva fina, miudinha
Como se fizesse parte de mim.
Levantei-me sem correr
Comi o pouco que tinha
E parti para o dia, assim.
 .
Vi rosas, tulipas, jasmim
Girassóis, violetas, uma andorinha
Comi romãs, framboesas, e sem querer
Andei todo o dia à espera do fim
Da chuva, traçando uma linha
Por onde pudesse correr.
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E a noite chegou sem eu saber
Se a chuva já se fora
Ou se ainda vinha
Escurecer
A luz que tenho em mim
E vi
Que só tu me podias valer
Dando-me a certeza de seres minha
Com teus lábios, com carícias
Com um sim
E com o teu enorme saber.
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

OLHO PARA TI


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Olho para ti
Sentindo o teu perfume
 .
Ao que cheira nem eu sei
A água de rosas
Da cor do lume
Ou a algum pomar que atravessei
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A PAISAGEM CORRE DEVAGAR

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A paisagem corre devagar
Vidro embaciado, chuva miudinha
Sorrateira, instalas-te no meu colo
Vieste não sei de onde, és bela
Quase sem querer, começo a amar
A correr o teu corpo, sabendo-te minha
Esqueço-me de tudo, tu és meu consolo
És a minha égua, montada sem sela
E, extremo gozo
Ninguém suspeita de ti,
Nua, comigo, aqui
Neste eléctrico de cor amarela

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

NÃO, NÃO ACREDITEM EM MIM


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Não, não acreditem em mim
Não sei para onde vou,
nem de onde vim.
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Não sei o que quero,
ou se me entendem
Se acaso estou a mais,
ou se me pretendem
Não sei estar só,
e sou um solitário
Indiferente e egoísta,
mas solidário
Partilho o que tenho e sou invejoso
Sou mau como as cobras
e sou piedoso
Sou seco, sou duro, vivo comovido
Aparento segurança,
sinto-me perdido
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Feito de contrastes e contradições
Mantenho a distância,
provoco emoções
 .
Sou potro selvagem,
peixe em aquário
Humanista, progressista
e reaccionário
.
Sou cobarde, sou frontal,
sou corajoso
Sou rolha à tona de água
e sou perigoso
Um por um, de todos quero
um amigo
Conhecidos tenho muitos,
amizades não consigo
 .
Não, não acreditem em mim
Não sei para onde vou,
nem de onde vim.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O SILÊNCIO É DOS RUMORES

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O silêncio, é dos rumores
O mais perto da carícia
E de todos os amores
O que me quer com perícia
 .
E se como um rio cresce
E o escuto absorto
Olho as mãos, não sinto dores
Sou feliz com tal delícia

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SÃO AGORA NEVOEIRO

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São agora nevoeiro
As nuvens
Faz um pouco de frio
E como um rio
O meu pensamento
Feito de palavras certas
Arde
E voa e flui como um lamento
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Amanheceu cedo, o dia
De todas as perdas
.
Bem que podia tê-lo feito mais tarde

 .