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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

TENHO

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TENHO



Tenho

Atravessado na garganta

O desejo melodioso da flauta

O sereno silêncio do assobio

E o sabor gracioso de uma cereja.

Tenho-te a ti, rosa branca

Água da manhã, bebida santa,

Telhado, pinhal, peixe de rio,

Calmo murmúrio de uma igreja.

Tenho

Deitados na minha manta,

O mudo sabor de um arrepio,

Um grito, um pássaro, um pouco de frio,

O cheiro do pomar, ou o que quer que seja.
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O MAR É OUTRO



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O MAR É OUTRO



O local é outro

Mas é o mesmo mar

Com os carneiros do vento

Com as escadas das ondas

Com a calma do lamento,

A incerteza de dar

Acerto às minhas contas,

E ao meu amor, seu sustento.



 É outro o local,

E o mar, o mesmo de sempre

Com as traineiras que voltam

Com as gaivotas que pescam

Com a raiva que não mostram

E a certeza de somente

Saberem que não acertam

Na pessoa de quem gostam.



É o mesmo, o local,

O mar é que é outro,

O pôr do sol mantêm-se

e as gaivotas, também, um pouco.
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

LÁBIOS

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LÁBIOS

Lábios
Com sede de outros lábios
Corpo
Com fome de outro corpo
Sedes que correm nas águas
Fome saciada em teu porto

Onde se esquecem as dores
E as mágoas
E se escutam conselhos sábios
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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A BRISA É LEVE



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A BRISA É LEVE

A brisa é leve
Quase imperceptível
Assim é meu pensamento
De tão leve
Quase ilegível.
Assim sou eu
No confronto
Do meu querer, e
Da minha coragem
Quando me deixam confuso e tonto
Se juntos ao leve sopro da aragem
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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

NADA

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NADA



Quero seduzir-te

Fazer-te parte de mim

E levar-te por bons e por maus caminhos,

Quero usar as minhas ironias

Apreciar as tuas graças

E utilizar a subtileza das palavras,

Mas, nada.

Fico à espera de uma palavra tua

E, nada,

Torturas-me com o teu silêncio

Feito de nada.

Como companhia só tenho um telefone mudo

Uma folha vazia

Um jornal antigo

E uma caneta 

 Que escreve palavras feitas de cinza.
 
Todos te olham

E tu olhas de volta

Todos falam para ti

E tu respondes

Ouço-te em toda a parte

Por toda a parte

Mas não é comigo que falas

Nem uma palavra

Ou que olhas

Comigo é só silêncio, mudez, desprezo,

Nada!
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